Teófilo GOMES ®

   Teófilo também usou o nome Tiófu Tchontcha.

FIGURAS DA ILHA - TIOFU TXONTXA - LUZIA NUNES

Teófilo Gomes, nasceu em Forno a 19 de março de 1917. Era filho de Sebastião Gomes e de Maria Gomes Monteiro. Faleceu a 18 de fevereiro de 2004.
Tiofu Txontxa - como era conhecido - pela sua experiência e filosofia de vida, converteu-se num conselheiro popular especial, em Luzia Nunes onde sempre residiu, mas também, por todo o Concelho de S. Filipe, na ilha do Fogo.
Segundo profetizava, com ironia, ele foi predestinado por Deus para ser um sábio, porque chorou na barriga da mãe! Tal sorte só não veio a concretizar-se por ter sido azarado por alaridos da vizinhança, mas que mesmo assim, fez-se um homem esperto e inteligente. Dizia sempre para quem não acreditava em tal predestinação que confirmasse junto do curandeiro (e djabacozo) Djozé Luis, que alertou os vizinhos e conhecidos para que não divulgassem o acontecimento…!
Teófilo Gomes, representava comunitariamente \endash em alguns episódios de vida - a mais pura expressão, irónica e jocosa, do julgamento social que a estratificada sociedade foguense fazia aos menos bafejados pela sorte! Neste juízo de valor reinava sempre a máxima: "o que o berço dá, só a tumba leva", colocando \endash no extremo oposto - o pobre coitado numa posição de natural submissão, a vida toda! Assim é que um dia \endash no alvorecer da independência e revolução \endash Teófilo deu conta de um vai-vem e correria de pessoas para "casa-escola". Intrigado com aquela azáfama, pergunta do que se tratava!
Disseram-lhe:
- Ês stâ bá reunião.
- Kenha que stâ fazê reunião? \endash Pergunta Teófilo
Alguém respondeu:
- Neves Dinora (Alberto Alves).
- Neves Dinora!? \endash Indaga Teófilo, admirado com tal presidência de uma importante reunião, acrescentando:
- Hummm, não! Neves gossim kel tumâ café ku camoca, el stâ fazê reunião! Que tâ fazê reunião ê homi de fato e gravata, loru (loiro), ku óculos e barriguinha fora! Agó Neves nhanido sim…! \endash conjectura Teófilo num tom irónico e humorístico, como sempre!
Assim foi a sua vida, configurando-se - ao longo do tempo - em filosóficos episódios da sua existência e convivência \endash de humor e piadas, sempre presentes - numa sistematização de experiências vividas e máximas populares que atraia, ao seu redor, muitas pessoas ansiosas de ouvi-lo e aprender.
Convertido em o homem da palavra e de um discurso inteligente e fácil, foram vários os episódios engraçados e de lições de vida, entre os quais:
• O do Vitorino de Tété e Agustin di Zuvina;
• Os com o seu compadre Munzim di Gorda;
• O do pescador José di Toru;
• Os relativos à sua relação com a morte, referentes a Tuntun di Nhô Fidel e Djon di Totxa, entre outros;
Mas, em particular, o do triste episódio da morte no mar de Dino di Mané d'Onorfe, do qual nasceu a máxima (conto nobu): "Morti mâ djâ bem, kâ tem Txêtxa, kâ tem Ntoni di Dádâ…"
(a continuar \endash sem a erudição alfacinha - em linguagem simples e pensamento crioulo…)
Paz à sua Alma!
BOAS FESTAS!
O Feitiço da Ilha \endash Leave You Lopes